segunda-feira, julho 31, 2006

Amigos

Resolvi postar essa montagem com fotos de alguns amigos. Gente que está longe, que está perto, que está muuuuuito longe, mas que guardo no coração por representarem, cada qual a seu modo, um momento especial de minha vida. Amigos: obrigado por existirem e por fazerem da vida algo colorido e alegre. Ósculos e amplexos pra todos vocês.

domingo, julho 30, 2006

O lutador

OLÁ, AMIGOS-LÍTERO-VIRTUAIS!!!

Aí vai a versão original do poema do qual fiz uma paródia e que está logo abaixo desse post. Por favor, não façam comparações... Seria injusto...
Ósculos e Amplexos para quem quiser.
O LUTADOR
(Carlos Drummond de Andrade)
Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio, apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.
Insisto, solerte.
Busco persuadí-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue...
Entretanto, luto.
Palavra, palavra(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste escampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tontura.
Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.
Iludo-me às vezes,
pressinto que a entregase consumirá.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
outra sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruirde cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! É o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.
O ciclo do dia
ora se consuma
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.

(Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. 17.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983. p.172-175. )

domingo, julho 23, 2006

PARÓDIA

OLÁ WEB-AMIGOS!!!

RESOLVI POSTAR UMA PARÓDIA QUE FIZ NO PRIMEIRO ANO DA FACULDADE. É DO POEMA "O LUTADOR", DE
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
ESPERO QUE GOSTEM
HÁ BRAÇOS E BEIJOS PRA QUEM QUISER! : )
AS DIETAS DO LUTADOR

Lutar com a balança
É a luta mais vã
Começo a dieta
Mal rompe a manhã
São muitas: da lua, dos pontos, da USP, e eu pouco
Algumas tão cruéis
Como um javali
Não me julgo obeso
Mas se fosse, teria
Empenho em segui-las
Meio tomate e duas rúculas
Para o meu sustento
Num dia de dieta
Deixam-me a suplicar
Tonto e com fome
E não há pudim
E nem viv’alma
Que me traga comida
A fome é a minha pirraça

Insisto, com sorte
Busco persuadi-la
Ser-lhe-ei eterno escravo
De rara boa vontade
Mas guardei sequilhos
Do meu negro comércio
Não digo, não falo
Que de doces eu muito gosto
Quindins que deslizam
Sobre minhas pupilas gustativas
Lutar com a balança
Parece sem futuro
Não tem carne, nem churrasco
Entretanto, luto

Barriga, barriga
(digo exasperado)
Se me desafias, aceito o combate.
Nunca quis possuir-te
Mas alojara-se em meu corpo
Engordou-me da unha do dedinho do pé
Até o último fio de meu cabelo
Nessa luta (nada) rara
Preferes o horror
De um corpo obeso
No qual gozo
Da maior tortura

Luto grama a grama
Luto todo tempo
Sem maior proveito
E engordar é o meu contentamento
Não encontro vestes (que me caibam!!!)
Já não tenho forma
A comida é inimiga
Que me contrai os músculos
Ri-se das dobras
Que em minha barriga pelejam
Iludo-me às vezes
Pressinto que a entrega
Se consumirá
Já me vejo no espelho
Em coro submisso,
Gorduras balançando
Em meu velho temor
Uma atitude simplória
de um pobre derrotado
Mostra o seu desdém
Como de costume
E um sapiente furor
Ensina-me a extrair
De cada regime
A essência captada
A sutil privação paçoquinha
Mas ai! É o instante
De entreabrir os lábios
Entre boca e quebra-queixo
Tudo se evapora

O ciclo do regime
Ora se conclui
E o inútil duelo
Jamais se resolve
Meu corpo que era sarado
Agora se expande.


segunda-feira, julho 03, 2006

Notícias de Timor

Missão de países de língua portuguesa chega hoje ao Timor

Lisboa, 03 Jul (Lusa) - Uma missão ministerial da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) chega hoje ao Timor Leste para avaliar a situação e identificar formas de ajudar na pacificação do país.A missão, que fica em Díli até quinta-feira, é chefiada pelo ministro das Relações Exteriores de São Tomé e Príncipe, Carlos Gustavo dos Anjos, cujo país preside a comunidade - que reúne Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Também integram a delegação representantes políticos dos países da organização.Em declarações à Agência Lusa na semana passada, o chanceler são-tomense afirmou que a CPLP precisa "dar a mão a um país irmão" e que, enquanto organização, "pode contribuir para que a situação se acalme e se crie um clima de paz".Anjos acrescentou que se trata de "uma missão exploratória", cujos resultados serão transmitidos aos governos dos Estados-membros para que seja definido o passo seguinte.Além dos representantes políticos, a delegação é integrada por técnicos que vão avaliar as necessidades de "assistência em áreas específicas, como Justiça e segurança", afirmou o ministro.O envio de uma missão ministerial ao Timor Leste foi decidido em uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros da CPLP realizada em Lisboa, sede da organização, em 18 de junho. Na ocasião, o então chanceler português, Diogo Freitas do Amaral, destacou a importância que a entidade deve assumir no atual processo timorense, com atuação coordenada com as Nações Unidas.O Timor passa por uma profunda crise política e social. A situação nas ruas acalmou nos últimos dias, mas ainda estão sendo realizadas negociações para a formação de um novo governo devido à renúncia do primeiro-ministro Mari Alkatiri, anunciada na semana passada. Se esse processo fracassar, o Parlamento deve ser dissolvido e as eleições legislativas, inicialmente marcadas para abril de 2007, antecipadas.A crise, que começou em março com a exoneração de um terço do Exército, levou à desintegração das forças de defesa e de segurança, à intervenção de militares e policiais estrangeiros e a uma profunda crise política que opôs o presidente Xanana Gusmão e o primeiro-ministro. Os incidentes mais violentos foram registrados em abril e maio, com um saldo de mais de 30 mortos. Cerca de 150 mil pessoas permanecem refugiadas em campos de organizações humanitárias.
Fonte: UOL

domingo, julho 02, 2006

O BOM FILHO A CASA "entorna" !!!!

DIAK KAL'AE HOTU HOTU!

OLÁ, TODA GENTE!

MUITAS COISAS ME FIZERAM VOLTAR A POSTAR, POR ISSO, JÁ PEÇO, DE ANTEMÃO, DESCULPAS PELA INEVITÁVEL MISTURA DE IDÉIAS E APARENTE INCOERÊNCIA ENTRE ELAS...

Dia desses, fazendo um trabalho da faculdade, mais especificamente, Psicologia da Educação, parei para pensar no que a Educação e as pessoas estão se tranformando...

Com a Educação sendo tratada como mercadoria, tal como as multinacionais, as escolas passaram a investir todas as suas estratégias nos clientes, aliás, o léxico das instituições de ensino já incorporou, perfeitamente, o termo "CLIENTELA", corroborando ainda mais para a idéia de que hoje a Educação é um produto que deve ser moldado ao gosto da freguesia.

No meio dessa confusão - confusão, sim, pois escola não é shopping e educação não é como uma calça jeans que o cliente experimenta e quando não gosta, procura outro modelo numa loja vizinha - estamos, alunos e professores sérios, totalmente alheios ao mercado de capitais.
Eu, como professor, muitas vezes, sinto-me angustiado. Diante dessa nova demanda, muitas atividades foram atribuídas a nós. Entre um adjunto adverbial e a análise de um Sermão de Padre Vieira, vejo-me obrigado a "educar" os incautos estudantes (não gosto muito da palavar aluno, mais por ideologia que por semântica) para a cidadania, para o mercado de trabalho, para a sexualidade, para o vestibular, enfim, parece-me que dar aulas de Língua Portuguesa é o que menos importa.
Numa época em que os referenciais mudam constantemente é muito comum que os jovens, submetidos a uma realidade multifacetada em que o fluxo de informações é muito dinâmico, sintam-se deslocados, perdidos, confusos, excluídos, mas cabe a quem resolver esses problemas, fazê-los sentir integrantes da sociedade, capazes de participar e tranformar a própria realidade?
Certamente não me sinto preparado para carregar sozinho essa cruz, até porque a minha realidade não diferente da de muitas das pessoas para as quais leciono ou já lecionei, com raras exceções. A grande diferença que vejo entre nós - e que é fundamental - é a forma como a Educação era encarada. Estudantes iam para a escola ESTUDAR e professores para ENSINAR. Hoje a falta de distinção entre público e privado fez com que os papéis desses agentes ficassem cada vez mais difusos e agora nenhum deles sabe ao certo o que devem/podem/querem fazer na escola.
Assim, estamos todos sem rumo, em busca de um referencial e no meio desse fogo cruzado está a escola como ponto de convergência de uma massa que já não sabe de onde veio e menos ainda para onde caminha...

quarta-feira, março 29, 2006

Oi, amigos-vistantes!!!

Resolvi postar um continho, escrito num dia de chuva, assim como hoje. Espero que gostem. Aceito sugestões, críticas...
Beijos praquem quiser.


Imagens Delirantes

Ela nasceu na tarde do primeiro dia de outono. Ariana poderia ser o seu nome, em homenagem à casa zodiacal sobre a qual pairava o sol naquele dia, mas não era. Todos a conheciam, mas ela, mal sabia da existência das pessoas, vivia em seu mundo particular.
Gostava mesmo era de sair sem destino pelas ruas do vilarejo onde morava desde sempre. O destino era sempre o mesmo, o banco de uma praça mal cuidada no final de uma rua sem saída. Ali era capaz de permanecer sem perceber a passagem do tempo. A cada volta percebia um detalhe novo naquele lugar, uma flor que acabara de brotar, mais folhas secas pelo chão, os diferentes matizes do verde da velha amoreira...
As grandes questões que assolavam o mundo em meados dos anos quarenta também foram responsáveis pela decisão de não mais sofrer pelo mundo. Bastava-lhe ter de enfrentar a guerra que se estabelecera em sua alma. Os pais, a pouco mais de um mês, haviam sido levados de casa, desde então, nada mais lhe tocava. Estava só, a sombra da solidão tinha vindo para ficar.
Sempre que era novembro úmido em seu coração, saía pelas ruas em busca de respostas para as perturbações que assolavam a sua alma. Num desses dias, parou em frente à estátua de bronze que havia na praça. Ali permaneceu durante horas. Nunca havia reparado na perfeição daquelas formas, tudo tão harmônico, coerente, a expressão de contentamento, era como se aquele objeto gélido pudesse captar seus pensamentos, suas angústias e, mais do que isso, era como se fosse capaz de oferecer-lhe palavras de acalento. Fora tomada de sobressalto pela força avassaladora da imagem, a realidade alterada, certa alucinação...
Olhou ao redor, assustada, temerosa de que tivessem invadido seus pensamentos, sua alma. Percebeu no chão, ao pé da estátua, meio encoberto por folhas secas, um pedaço de papel dobrado, bastante amarelado pelo tempo. Pegou-o, sentou-se no banco e, temerosa, começou a desdobrá-lo. Estaria ali a resposta para sua angústia? Uma ação tão simples tornou-se o mais complexo dos atos. A euforia tomou conta de seu espírito, talvez fosse medo... ou ambos. Não conseguia desfazer a última dobra, algo a impedia de romper a barreira que a separava de seu destino. Acovardou-se, redobrou cuidadosamente o pedaço de papel, guardou-o no bolso do casaco e correu. O vento daquele fim de tarde cortava-lhe a face e emaranhava-lhe os cabelos longos.
Taquicardia. A boca estava seca. As mãos úmidas pelo suor. Pupilas dilatadas. Excitação. Trancou-se no lugar em que se sentia mais segura, teve o cuidado de fechar a persiana para, finalmente, desvendar o que lhe guardava aquele pedaço de papel. Num gesto ritualístico desdobrou-o, respirou fundo, tomou coragem e leu. Releu. Sentiu-se feliz. Uma luz havia brotado em seu coração. Arrancou uma folha de seu diário e voltou para a praça. Lá, confortada pelas palavras que lera no bilhete, depositou outro ao pé da estátua. No final daquela tarde percebeu, enfim, que o grande equívoco do ímpeto humano está quer entender todas as coisas do mundo.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006